Normalmente
a festa de um Santo é fixada no dia de sua morte, que é o dia de seu nascimento
para a vida eterna. São João Batista é uma exceção, pois tem duas festas: seu
nascimento, em 24 de junho, e sua morte, em 29 de agosto.Por quê? Quando Maria
visitou Isabel, que estava grávida dele, o bebê João pulou de alegria em seu
seio. Neste momento foi santificado pelo bebê Jesus que estava no seio da
Virgem Maria. Assim, ele já nasceu santo. E foi João quem recebeu o maior
elogio de Cristo, que afirmou ser ele o maior entre todos os nascidos de
mulher. Ficando nessa história: vocês já imaginaram a graça que é para um bebê
quando sua mãe comunga? Também ele se encontra com Jesus e é santificado!
A Festa é de Todos
Zacarias
e Isabel eram um
casal idoso e padeciam de uma grande tristeza: não tinham filhos. Isabel era
estéril, idosa, sem condições de ser mãe. No mundo judeu, o fato de não ter
descendência era visto como um grande castigo, uma desgraça. Mas, para quem tem
fé, a esterilidade se transforma em vida. E assim foi.
Zacarias, que era sacerdote, certo dia
estava no templo de Jerusalém oferecendo incenso ao Senhor quando um anjo lhe
apareceu e disse que Deus tinha ouvido suas preces. Isabel conceberia um filho
na velhice, e que filho! Zacarias achou graça disso tudo pois, pelas leis da
natureza, isso seria impossível. Então o anjo deu-lhe um sinal: ficaria surdo e
mudo até que isso acontecesse (Lc 1,5-25). E Isabel ficou grávida...
Isabel, no sexto mês da gravidez, teve
a alegria de receber a visita de sua prima Maria, que, por sua vez, esperava
Jesus. Que encontro fantástico: a mãe do último profeta do Antigo Testamento
ser visitada pela mãe do profeta dos profetas, o Filho de Deus.
Maria não resiste de emoção ao ver
tantas maravilhas e proclama seu Magnificat: “A minha alma engrandece o Senhor,
porque ele pôs os olhos em sua humilde serva” (Lc 1,46-55). Maria ajudou Isabel
três meses, voltando depois para casa, pois tinha um segredo para relatar a
José: sua gravidez miraculosa.
Isabel deu à luz e, naquele dia, houve
festa nas montanhas da Judéia: mais um filho dado por Deus ao mundo. Os
vizinhos acenderam fogueiras em sinal de júbilo e para terem luz para a festa e
as conversas. Um filho não é patrimônio somente da família: pertence a toda a
comunidade e a festa é de todos (Lc 1,57-67).
“Deus teve compaixão”
E veio a
pergunta normal nestas ocasiões: Que nome colocar nesse menino tão esperado e
anunciado? Pela tradição, seria Zacarias, o nome do pai. Nos tempos da
Bíblia, o nome era muito importante, pois indicava a vocação de uma pessoa.
Mudar o nome era o mesmo que mudar a qualificação da pessoa, como Abrão que
fica Abraão, Jacó que fica Israel, Simão que fica Pedro.
Isabel disse que não seria Zacarias,
pois o anjo tinha dito outro nome. Então, com sinais, consultam o velho
Zacarias. Ele pede uma tabuinha e escreve: João é o seu nome. O nome João
significa “Deus teve compaixão”.
Zacarias começou novamente a falar e a
ouvir, explodindo de alegria num hino que começa assim: “Bendito seja o Senhor
Deus de Israel, porque visitou e libertou o seu povo!” (Lc 1,68-79). Tudo isso
foi muito comentado em toda a região pois, de fato, Deus estava visitando seu
povo.
Os sinais
da presença de Deus eram claros:
- Maria, uma mulher do povo, tinha concebido pelo poder do Espírito Santo;
- Isabel, uma senhora idosa, estéril, dera à luz ao menino João;
- Zacarias, que tinha ficado surdo e mudo, passou a ouvir e a falar. Deus estava irrompendo na história: a esterilidade dava lugar à vida, a vergonha e a tristeza era substituída pela alegria, os mudos falam, os surdos ouvem. Era a presença do Deus da vida! Uma primavera sem fim. Começavam os tempos do Messias.
O Abridor de caminhos
Quando
João cresceu, tornou-se um grande profeta, peregrinava ao longo do rio Jordão:
anunciava a penitência, o perdão dos pecados, a conversão e batizava as pessoas
que aceitavam mudar de vida, recebendo assim o apelido de “Batista”. E
anunciava uma notícia esperada há milhares de anos: o Messias, o Cordeiro de
Deus estava para chegar, aliás, já tinha nascido.
João afirmava que o Messias seria
enérgico, um juiz rigoroso. Neste ponto se enganou: o Messias, Jesus, era a
mais doce e bondosa das criaturas, veio para salvar e não para condenar, veio
anunciar a graça divina, e não os castigos divinos.
João foi muito humilde: apesar de
todo o seu sucesso, das multidões que o procuravam, ao ver Jesus considerou
encerrada a sua missão de precursor, de abridor de caminhos: daqui para a
frente é Jesus quem tem a palavra final.
Jesus também foi muito humilde,
pedindo para ser batizado por João. No mundo das grandezas divinas, tudo é
simplicidade, ninguém se considera maior, todos querem ser servidores. Assim
foi com João, São João Batista.
Pe. José Artulino Besen
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